Mozart, treinador do Coritiba — Foto: Jairton Conceição/RPC

Futebol

Coritiba pressiona, mas empata com o Novorizontino e ouve vaias no Couto

Domínio em campo jogando com um a mais o segundo tempo inteiro, frustração na arquibancada e pontos desperdiçados em casa

O Coritiba desperdiçou a chance de conquistar sua terceira vitória consecutiva na Série B do Campeonato Brasileiro ao empatar em 0 a 0 com o Novorizontino, na noite desta quarta-feira (17), no Couto Pereira. O resultado interrompe a sequência positiva de vitórias e gerou frustração entre os mais de 25 mil torcedores presentes, que acompanharam um jogo marcado por amplo domínio alviverde, duas expulsões do adversário, pênalti defendido e uma atuação ofensiva sem contundência.

Um roteiro de pressão e desperdício

Com 75% de posse de bola, 11 finalizações e mais de 500 passes dados (456 certos), o Coritiba controlou o jogo do início ao fim. No segundo tempo, a posse chegou a absurdos 82%, refletindo a superioridade numérica após as expulsões de Dantas (aos 44’ do 1º tempo) e Patrick Brey (aos 89’). Mesmo assim, o time coxa-branca não converteu domínio em chances claras de gol.

O Novorizontino, mesmo acuado, criou a única grande chance da partida: um pênalti cobrado pelo ex Coritiba Robson e defendido por Pedro Rangel, que foi um dos destaques do Coxa, com nota 7.8 e uma “grande defesa” computada nas estatísticas.

Pedro Rangel, goleiro do Coritiba — Foto: Luis Garcia/AGIF

O goleiro adversário, Airton, foi eleito o melhor em campo com nota 8.0, graças a defesas importantes e boa leitura de jogo, especialmente após a equipe ficar com um a menos.

Dados que explicam (e preocupam)

  • Finalizações: Coritiba 11 x 5 Novorizontino
  • Passes certos: 456 x 117
  • Entradas no terço final: 75 x 40
  • Cruzamentos certos: 7 de 29 (apenas 24% de aproveitamento)
  • Grandes chances criadas: 0
  • Dribles certos: 2 de 15 (aproveitamento de 13%)
  • Duelo no chão: apenas 44% de vitórias

Notas e estatísticas obtidas via Sofascore

Os dados evidenciam uma equipe com volume, mas muito pouco eficiente na última bola, sem agressividade nos dribles e nos cruzamentos, e com baixa precisão na quebra da linha defensiva.

Atuações que preocupam

Entre os jogadores que mais decepcionaram está Lucas Ronier, novamente com dificuldade em criar, errando passes simples e sem qualquer profundidade no ataque. Já Seba Gómez, que começou a temporada como pilar no meio, vem acumulando atuações cada vez mais apagadas, sendo pouco combativo, sem criatividade e visivelmente inseguro.

Por outro lado, Filipe Machado, mesmo em mais uma noite discreta, arriscou um dos raros chutes de fora da área com perigo — algo que falta ao time. Foi substituído no segundo tempo, mas merece a menção pelo arrojo em meio à previsibilidade ofensiva da equipe.

Outro ponto positivo foi a reestreia de Júnior Brumado, que retornou após dois meses afastado. Ainda sem ritmo ideal, fez um bom pivô, mostrou presença física e foi mais participativo que Gustavo Coutinho na criação de espaços e triangulações ofensivas.

Ruan Assis, que jogava sem comprometer pela esquerda, foi deslocado para a direita após a saída de Lucas Ronier e protagonizou lances bizarros que minaram sua confiança e irritaram a arquibancada.

Foto: Seba Gomez – JP Pacheco/Coritiba

“Sentimento de frustração”, diz Mozart

Após o jogo, o técnico Mozart reconheceu o desempenho abaixo do esperado, mesmo com dois jogadores a mais:

Sentimento de frustração, mesmo com um ponto, pelo desenho do jogo e com um pênalti defendido. Talvez seja mais mérito do Novorizontino do que demérito nosso. Tirar como aprendizado para quando tiver de novo um jogador a mais fazer algo diferente.

Ele também fez autocrítica sobre a alteração tática no segundo tempo:

A minha lamentação foi mexer na estrutura do time para jogar com dois centroavantes. É um aprendizado que não vou voltar a fazer. Perdemos muito a combinação lateral, eles não foram municiados e ficamos estáticos. Ficou fácil para o Novorizontino se defender.

Sobre a relação com a torcida, que vaiou o time ao final, o treinador respondeu com ironia e realidade:

Estamos em segundo na Série B, com três jogos. Parece que morreu alguém aqui na entrevista. Vamos buscar continuar no G4, e assim o nosso torcedor virá prestigiar. A conexão equipe e torcida é muito mais de dentro para fora.

Torcida faz sua parte… e cobra

O Green Hell iluminou o Couto Pereira na entrada dos times e o clima de empolgação refletia a boa fase recente — com duas vitórias nas rodadas anteriores. A expectativa de alcançar os 9 pontos e embalar de vez era alta.
O apoio foi constante durante os 90 minutos, mas ao apito final, vieram as vaias. A torcida, que registrou mais de 27 mil presentes e mais de R$ 400 mil de renda, não aceitou o empate sem gols diante de um adversário com um jogador a menos por boa parte do jogo.

Foto: Green Hell, Coritiba x Novorizontino 17/04/25: JP Pacheco/Coritiba

Destaques individuais

  • Pedro Rangel (7.8): defendeu o pênalti e garantiu o zero no placar
  • Zeca (7.4) e Bruno Melo (7.2): consistentes na construção e apoio lateral
  • Josué (6.9): articulou bem no meio, mas sem efetividade final
  • Lucas Ronier (6.4): apagado, novamente improdutivo
  • Seba Gómez (6.8): nota mediana, atuação preocupante
  • Brumado (6.6): bom retorno e presença ofensiva
  • Airton (8.0 – Novorizontino): o melhor em campo

Notas e estatísticas obtidas via Sofascore.

Próximos desafios

O Coritiba volta a campo na próxima segunda-feira (21/04), às 21h30, fora de casa, contra o Clube do Remo, em Belém do Pará. A partida será um novo teste de maturidade para o time, que precisa mostrar poder de reação após o tropeço em casa e manter-se entre os líderes da Série B.

A expectativa da torcida é que o time não repita o roteiro de frustração de outros anos, em que tropeços como o da última rodada custaram caro na briga pelo acesso. Uma boa atuação longe do Couto pode recolocar o time no ritmo certo e reconquistar a confiança.

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