Coritiba
Coritiba/Divulgação

Opinião

O extraordinário do futebol paranaense

Existe aquela célebre frase no mundo esportivo que diz: “É mais do que só um jogo” e realmente, ontem, o espetáculo foi maior do que um simples jogo. Mas além da representatividade da partida, o jogo entre Coritiba e Londrina teve pontos a mais que merecem ser destacados.

Em primeiro momento, o destaque para o Coritiba de Gustavo Morínigo. Há tempos os torcedores não tinham confiança no plantel, não conheciam a fundo os jogadores e não acreditavam tal fielmente em um projeto que está sendo construído. A derrota para o Botafogo na última sexta-feira foi um balde de água fria para todos aqueles que estavam esperando uma boa aparição do Coxa no Couto Pereira. Dessa vez, ao menos o segundo tempo da partida no Estádio do Café demonstrou aquela raça e estilo de jogo que se era esperado.

O time do Coritiba é unido. Isso é inegável. Demonstram isso em cada vídeo de “bastidores”, cada publicação valorizando o elenco nas contas pessoais dos jogadores e o suprassumo da união é a explosão para comemoração do gol. Em especial, quando marcado por Castán, a união do elenco na comemoração foi estrondosa. O elenco luta por um só objetivo e um sonho que foi sonhado por alguém que hoje ficou marcado em nossas memórias.

Outro ponto que merece destaque é o extraordinário espetaculo que as duas equipes deram dentro de campo. A partida foi marcante em todos os niveis. Frenética e disputada, como esperamos de um classico regional. Mas vale destacar duas cenas que, para mim, coroaram o jogo.

Em primeiro momento, antes mesmo da bola rolar, o espetáculo já estava acontecendo. Jogadores de Coritiba e Londrina ajoelhados e com os punhos cerrados e erguidos, em referência aos panteras negras norte-americanos, como forma de resistência ao câncer do futebol e da sociedade: o racismo.

Além do belo gesto, vale aqui a valorização à instituição do Coritiba. Afinal, temos exemplos em todo mundo de equipes que mantiveram-se de pé ao ver a equipe adversária iniciar o protesto antes da partida. Dessa vez não. Dessa vez o Coritiba acertou e foi gigante.

Aliás, se me permitem a licença – quase que – poética, para elogiar a postura do jogador Celsinho no gol do adversário marcado na partida. Sua comemoração, com o mesmo gesto, demonstrou que a luta não acabou e nós, como torcedores, profissionais e indivíduos da sociedade, devemos lutar todos os dias para que casos como o que aconteceu em Santa Catarina, não voltem a acontecer.

Celsinho e jogadores antes da partida em protesto contra o caso de racismo sofrido na última semana. (Foto: Coritiba)

No fim, o espetáculo terminou com aquilo que mais esperávamos: uma vitória do Coritiba. E que vitória, hein? Jogo com muitas emoções, time mudando muito até se organizar em campo e o resultado mais satisfatório que podíamos esperar. Para os amantes do bom futebol, torcedores do Coritiba e aqueles que acreditam em uma sociedade justa e igualitária, a partida de ontem foi o suprassumo da representatividade extraordinária do futebol. O Coritiba e o Londrina fizeram história e confesso a felicidade por vivenciá-la.