Giovanni Augusto em treino no CT da Graciosa
Giovanni Augusto em treino no CT da Graciosa. Foto: Divulgação/Coritiba

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Novo Camisa 10? A Ascensão de Giovanni Augusto

Apesar da Camisa 10 ter sido atribuída ao Neilton pelo Coritiba, um jogador da meia cancha Alviverde tem feito o trabalho digno do reconhecimento que essa função, tão aclamada por torcedores brasileiros há anos, exige. Obviamente estou falando de Giovanni Augusto.

Contratado no início do ano com expectativa de uns e desconfiança de outros, Giovanni viveu meses (considerando apenas os que a bola rolou e excluindo a pandemia, obviamente) fora do peso e do ritmo ideal. Entrou em jogos onde mostrou uma esperança e em outros onde nem viu a cor da bola, muito menos agregou ao jogo naquele momento. Porém, desde a volta do futebol pós-paralisação do Covid, uma coisa era nítida, ele estava visivelmente em forma. Nos primeiros jogos em que entrou, se movimentou, mas ainda enfiado no canto esquerdo com uma função prioritária de preencher aquele setor.
Mas, há alguns jogos, Jorginho decidiu preterir a escalação de Matheus Bueno e colocar Giovanni Augusto na tentativa de melhorar o poderio ofensivo do time. Aspas aqui: tirar o Bueno do time foi um erro, mas isso é papo pra outro momento.

Com a saída do Bueno, a chegada de Rodrigo Muniz, Ricardo Oliveira e a entrada de Yan Sasse, o Coritiba mudou a sua formatação em campo quando possuía a bola e isso mexeu na função do Giovanni Augusto. Resultado? Ele explodiu coletivamente e indivualmente.

NO CAMPO

Com um time agindo com dois meias, Robson de segundo atacante e Muniz/Pastor centralizados, Giovanni Augusto passou a ter a função de meia atacante, porém, diferentemente de Yan Sasse, ele pode transitar por onde quiser. Mas como isso? Ele não teria que cobrir uma faixa à esquerda?
Não, necessariamente, já que o Robson faz a função de segundo atacante caindo para a esquerda para preencher esse espaço quando a construção pede essa movimentação. Ao se deslocar para a esquerda, Giovanni Augusto é quem preenche esse espaço centralizado atrás de Rodrigo Muniz e Yan Sasse pela direita.

Essa liberdade de movimentação na fase ofensiva permitiu uma capacidade de criação e de chegada que o Coritiba não tinha há muitos jogos. “Ah, mas tá ruim ainda”. Sim, porque todos precisam contribuir numa fase ofensiva, mas a melhora é significativa graças à Giovanni Augusto.

Vejamos abaixo duas imagens que mostram essa liberdade dele.

Reprodução Wyscout
Reprodução Wyscout/CBF

Na primeira imagem, vemos um arranque de contra ataque onde ele se projeta no espaço no centro-esquerda para receber a bola e, perceba que logo atrás dele, está o Robson, que preencherá ainda mais a esquerda o espaço para dar opção de passe para ele. Giovanni não tem obrigatoriedade de voltar até a área do Coritiba para marcar, o que faz com que ele fique na maioria das vezes numa região mais próxima do meio campo esperando para o contra ataque.

Na segunda imagem, vemos o Yan Sasse no círculo preto fazendo o ataque de espaço entre os defensores e ocupando uma faixa de campo de um ponta direita. Giovanni Augusto está aqui embaixo, no círculo amarelo. Perceba como ele está do outro lado do gramado se comparado com a Imagem 1 do jogo contra o Santos.
Quando a bola é enfiada para o Sasse, Giovanni aproveita a lentidão da recomposição dos volantes do Palmeiras para continuar livre, como já estava, e receber a bola com liberdade pela direita e cruzar para o 1º gol do Robson.

Essa liberdade de transição por qualquer região do meio campo, dá luz a um Giovanni Augusto criativo, finalizador e extremamente participativo nas construções ofensivas próximas da área do adversário. Diferente do imaginário popular de um camisa 10, que é aquele cara mais lento, mas muito técnico e inteligente, Giovanni é o meia técnico, inteligente, mas muito móvel dentro de campo. Se a bola está na direita, ele vai pra direita. Se ela vem pro meio ou pra esquerda, ele corre pra lá pra ajudar na associação da jogada. É um jogador que faz a função do Camisa 10 no time, mas, ao contrário do jogador da brincadeira do imaginário popular acima, ele corre mais em campo. Felizmente, quem ganhou com isso foi o Coritiba.