Especial
Atletibas inesquecíveis: memórias que atravessam gerações
Torcedores de diferentes idades compartilham suas lembranças mais marcantes do clássico
Todo coxa-branca tem um atletiba que nunca esqueceu.
Pode ser aquele jogo no Couto Pereira, lotado, rouco de tanto torcer. Pode ser o primeiro clássico no estádio, com um gol aos 45 do segundo tempo visto em casa com a família. O fato é que o atletiba mexe com todo mundo, seja uma criança gritando ao lado dos pais ou um torcedor mais velho lembrando dos tempos de Dirceu e Leila.
Com o clássico marcado pra sábado (28), a Rede Coxa foi ouvir torcedores de diferentes gerações. Um resgate de memórias que seguem vivas e que mostram como esse jogo é mais do que um jogo.
Abaixo, torcedores de idades diferentes compartilham seus atletibas inesquecíveis, e também o que esperam do próximo.
Um clássico visto com os pais e um recado pro elenco
Mesmo tão novo, Joaquim Malczewski, 12 anos, já tem lembranças bem claras de atletibas. O primeiro que veio à cabeça foi um jogo no Alto da Glória, a dois anos atrás.
Foi um atletiba de 2023, no Couto Pereira, que foi muito marcante com a vitória do Coxa, Foi o gol do Slimani de cabeça que fez o Thiago Heleno ficar sentado no chão.
Joaquim estava no estádio com a mãe, o pai e a irmã. Mas nem toda lembrança é de alegria.
No atletiba de 2023 na Arena da Baixada eu fiquei muito feliz durante o jogo com o Coxa vencendo por 2 a 1, só que no final levou a virada e eu fiquei muito triste.
Pra este sábado, ele está confiante:
Quem vai ganhar vai ser o Coxa, por um placar de 2 a 0.
E ainda deixa um recado pro elenco do Coritiba:
Eu diria que um clássico não é um jogo qualquer, que é um jogo diferente dos demais do ano, e que se eles pensarem em desistir, é só eles olharem pra torcida que vai sempre estar apoiando os jogadores. Clássico não se joga, se ganha!
O primeiro clássico no estádio e provocação entre amigos
Luiz Eduardo Lessa, 16 anos, guarda com carinho a lembrança do primeiro atletiba que viu de perto, e o contexto torna tudo ainda mais especial.
Pra mim o atletiba mais inesquecível foi o primeiro que eu fui. O Coxa tava fazendo uma das piores campanhas da Série A, estava ganhando de ninguém, aí quando chegou o atletiba, o Coxa vai lá e ganha de 2×0. Gol de falta do Victor Luis, gol de cabeça do Slimani. Marcou bastante.

Como todo clássico que se preze, a provocação também acontece fora de campo.
Meu amigo é atleticano e sempre quando chega a semana da atletiba a gente começa a discutir bastante.
Para ele, o atletiba é emoção pura.
É uma das melhores sensações quando ganha. Mas também quando perde, é uma das piores que existe.
Sobre sábado, o sentimento é um só:
Minha expectativa é que o Coxa goleie o Athletico, que faça uma verdadeira festa lá no Condor e que o Coxa faça um bom jogo.
Baile, shows e paternidade
Isabella Louise, 30 anos, não tem dúvidas ao escolher o atletiba mais inesquecível que já viveu: a final do Paranaense de 2011, com vitória do Coxa por 3 a 0 dentro da Arena.
Foi um verdadeiro baile dentro de campo e um espetáculo da torcida fora dele. Inesquecível em todos os sentidos.

Ela também cita com carinho o clássico vencido por 2 a 0 em 2023.
Eles vieram cheios de marra achando que iam atropelar, e acabaram atropelados. A torcida do Coxa fez mais um show.
De lá pra cá, a presença dela em atletibas é constante.
De 2011 pra cá, fui em todos no Couto e em vários na Arena. Não lembro exatamente qual foi o primeiro, mas a lembrança mais antiga que tenho é da comemoração do Tuta. Eu não estava na Arena naquele dia, mas foi o primeiro atletiba que me marcou de verdade.
Na hora de falar dos jogadores que deixaram marca, Isabella lista vários nomes que fizeram história e provocaram o rival.
Não tem como esquecer do Geraldo e os vários gols em cima deles. O Cléber Arado também, com aquela história dele fugindo do CAP (risos). E tem quem sempre mexia com a cabeça deles, tipo o Rafinha, que entrava na mente dos caras. Era bom demais ver isso. O Bill também infernizava, o Kleber Gladiador, e o Manga… um ser humano questionável, mas mexia demais com eles (risos).
Pra ela, o atletiba representa algo bem direto.
Paternidade. Acho que isso já resume tudo, né? (risos)
Ela também lembra de uma história que ficou marcada, mesmo sem ter jogo.
Em 2017 teve aquele clássico do YouTube que acabou não acontecendo. Que raiva. Fui na caminhada da organizada, quase morri porque não fazia ideia da distância. No caminho passamos por várias casas, e graças a Deus uma senhora viu que eu tava mal, me deu água e ajudou. Depois de tudo isso, cheguei na Arena… e não teve jogo (risos). Não sei se foi engraçado, mas que deu ódio, deu.
Sobre o jogo deste sábado, Isabella aposta em equilíbrio.
Acho que vai ser um jogo bem equilibrado e truncado. O momento do Coritiba é melhor, mas o CAP quer voltar pra briga pelo acesso, então deve ser uma partida difícil. Espero que a gente vença, mas um empate também não seria surpreendente. Nossa torcida sempre dá show lá na Arena e dessa vez tenho certeza que não vai ser diferente.
As finais que ficaram na memória
Feliphe Nascimento, 37 anos, lembra bem do atletiba que mais marcou sua vida: a final do Paranaense de 2012, decidida nos pênaltis.
Éverton Ribeiro caminhou do meio campo até a área dando risada. Lembro bem que quase perdeu o pênalti ainda (risos). Na ocasião, fomos campeões. Eu estava no meio do segundo anel do Couto, com meu pai, minha irmã e uma turma do CIC. O clima estava tenso naquele dia.

Outro momento que ele nunca esquece foi o gol de cabeça do atacante Tuta na final de 2004, na antiga Baixada.
O Athletico estava quase campeão naquele momento. Faltando poucos minutos, Tuta subiu no meio da defesa deles e marcou o gol que virou o jogo. Na comemoração, fez um sinal de silêncio para a torcida adversária. Foi um lance que nunca vou esquecer.
Para ele, o atletiba é mais do que um jogo.
É um dos jogos mais importantes do ano, onde não pode errar. Tem que se consagrar com a vitória, independente da situação do clube. Clássico é guerra! Claro, se for decidido dentro de campo.
Feliphe acompanha o Coxa desde pequeno.
Desde que eu tinha 5 anos, ia com meu pai para os jogos do Coxa. Só não lembro qual foi o primeiro, faz muito tempo (risos).
E para o jogo deste sábado, a expectativa é positiva.
Estamos a uma vitória de virar líder da Série B, e dentro da casa do rival. O azar é deles. O Coxa tem a melhor defesa do campeonato, então acredito muito na vitória.
O clássico da Páscoa e os tempos antigos
Na hora de escolher um atletiba inesquecível, Osni Torres, de 61 anos, não pensou duas vezes.
Pra mim é o do dia 16 de abril de 95. Foi um atletiba de Páscoa e o Coritiba enfiou cinco ovos sem dó no Athletico. Isso se tornou inesquecível. Nunca se viu na história um show de bola tão grande como foi aquele dia.

Ele lembra com carinho dos tempos em que os juniores faziam preliminar e cita nomes como Alex, Tostão, Leila e Aladim como parte da história coxa-branca.
Sobre o primeiro atletiba que viu, Osni é sincero:
“Confesso que não me lembro no momento. Mas com certeza o Coritiba ganhou“, brinca.
A ida ao estado sempre foi com amigos, nunca com a família.
Sempre evitei isso, por causa das ameaças e dos riscos que a gente corria.
Pra ele, o atletiba é um dia diferente.
É tenso, afinal é contra o maior rival. Mas é um dia que eu fico pensando no jogo, vivendo o jogo. Provocando os atleticanos antes, porque eu tenho garantia de que vou fazer festa depois
Ele também fala sobre como o clássico mudou ao longo dos anos.
O Coritiba foi perdendo aquela essência. Antigamente, você tinha jogadores que tinham amor pelo clube. Hoje, quem pagar mais leva. O que mudou foi isso: a falta de identidade.
Sobre o clássico deste sábado, a análise é confiante:
O Athletico vem sofrendo. O Coritiba, eu creio que está num momento melhor. Tenho expectativa de um grande clássico. Se tudo der certo, o Coxa ganha de 3 a 1. E se for como eu espero, o goleiro deles só vai encostar na bola pra pegar no fundo do gol.
Com histórias que atravessam gerações, o atletiba segue sendo um dos jogos mais simbólicos do futebol brasileiro. Neste sábado (28), Coritiba e Athletico voltam a se enfrentar. Para os torcedores, seja no Couto, na Arena ou em casa, fica a expectativa de mais uma lembrança que poderá ser contada no futuro como inesquecível.