Especial

Por que só Coxa Branca?

O Coritiba em 1941 era um time basicamente de origem germânica, o contexto era Segunda Guerra Mundial. Clássico sempre foi clássico: decidido nos gritos e na raça, mas, nesse atleTIBA, a aparência dos jogadores falou mais alto que o futebol jogado, principalmente a do zagueiro alemão Hans Egon Breyer.

Em meio a gritos de figuras conhecidas da torcida rival, surge: “alemão… quinta coluna…Coxa-branca”; “Coxa-branca! Coxa-branca! ”, quem esbravejou esse comentário foi Jofre Cabral e Silva, personagem notório para a torcida da Baixada. A fala que foi levada como preconceito à primeira vista, logo virou uma afronta da torcida do Coritiba, a qual, desde então, usa o termo para expressar o amor e saudosismo ao time.

Deixando a história do apelido de lado, o que muitos não sabem é que o Coritiba foi um dos primeiros times brasileiros a aceitar negros no elenco, fato que muitas vezes é esquecido pela origem alemã de classe média do time. Foi exatamente no ano de 1931 em que o primeiro negro vestiu o manto alviverde – como técnico e jogador – Moacir Gonçalves, o qual, honrosamente, aceitou o pedido de Couto Pereira para ingressar na equipe. E, a partir disso, a lista de jogadores negros só aumenta: Jairo, Nilo, Nascimento, Toby, Geraldo, Pereira, Edson Bastos, Lela, Luccas Claro, Negueba, Matheus Sales, Rodrigão, Wellissol. Nomes que fazem a diferença.

Antônio Couto Pereira foi o precursor para o surgimento do verdadeiro time do povo e esse é um título patrimonial para o time, prova que na arquibancada não cabe o racismo, que ser Coxa-branca indefere de cor de pele, que preconceitos são transformados em misticismo e rebatidos com comemorações, abraços e união. Dentro das quatro linhas, o que importa é o futebol, a garra, o amor pela camisa. Fora delas, o respeito acima de tudo.

Ser antirracista é ser a favor da vida, é uma luta de todos e pode começar dentro da zona de conforto: o estádio. Não se trata de futebol moderno, são vidas; vidas que fazem história, vidas que importam. O Coxa é alviverde, é amarelo, é preto, é branco.

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Comentários

  • Luiz Santos

    Ser antirracista é sem dúvidas uma atitude humanista! Foi muito legal conhecer essa parte da história do Coxa! Sou Athleticano radicado em SP há 20 anos, mas sou curitibano e torço para que um clube com a história do Coritiba consiga muito mais do que tem conseguido ultimamente. Como curitibano torço para que o Coritiba possa se organizar e voltar a ser um clube que seja capaz de permanecer continuamente na primeira divisão e brigar por conquistas, assim como espero que a atual fase athleticana continue por muito tempo gloriosa, para que possamos ter AtleTibas em disputas nacionais e internacionais!
    Abraço fraterno de um conterrâneo athleticano!

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