Opinião

FRACASSO

Em vinte e sete de maio de 2023 fiz uma thread no X/Twitter sobre a votação que aconteceria dias mais tarde que aprovaria, em Assembleia de Sócios (mesmo que apenas a aprovação já ocorrida no Conselho Deliberativo bastasse) a venda da SAF do Coritiba para a TreeCorp.

Nessa thread eu expunha algumas preocupações acerca dessa venda, do processo como um todo e fazia uma reflexão sobre o nosso futuro. Aqui o que foi escrito, na íntegra:

O histórico Coritiba FC morreu em 1989, após uma canetada da CBF. Esse era o Coxa do meu pai…

Honrado com Fita Azul, Hexacampeão Paranaense, Campeão do Torneio do Povo e do Campeonato Brasileiro.

Depois disso um novo clube tomou seu lugar e se tornou o “meu Coritiba”.

Bi Campeão da Série B, duas vezes Vice da Copa do Brasil, Tetracampeão Paranaense, Bicampeão Paranaense…

12 temporadas na Série B nacional, raramente brigando por algo além de tentar não cair. Recordista de rebaixamentos. Diretorias amadoras, incompetentes e “bandidas”, elencos medíocres, conselheiros inúteis, politicagem por todos os cantos, vaidades acima de tudo.

Agora, dia 31/05/23 esse Coritiba morrerá. Para o bem ou para o mal, o “Coxa do meu filho” será totalmente diferente (ou não) de tudo o que já vivemos.

A tal da SAF vem aí

Sem transparência, sem abertura, sem clareza, com “opiniõe$ influentes” sendo empurradas goela abaixo. Sem debate, num processo “democrático” mentiroso!!

Para o bem ou para o mal, nasce um novo clube.

História, patrimônio, escudo, e o que mais existia, não mais existirá

A Associação morreu. Agora “teremos” um (um?! Quem?! Ou quens?!) dono.

Estão nos vendendo um CT de primeiro mundo – que não será mais nosso. Um estádio de primeiro mundo – que será pequeno e não mais nosso em plenitude.

Ninguém fala sobre possíveis desvantagens…

Estão vendendo sonhos, como se fossemos virar um Manchester City ou um PSG.

É capaz que seja um pesadelo e nos tornemos um Figueirense, Vitória, BELENENSES, Parma ou Málaga… NINGUÉM SABE, pois não há nenhuma transparência.

Como sócio desde 2007, tenho medo.

Participarei dessa farsa “democrática” com um voto de protesto. Votarei NÃO! Serei vencido, com toda certeza, mas fico em paz com minha consciência.

Torço, de coração, para que o Coxa do meu filho seja mais como o de meu pai e menos como o meu.

Saudações Alviverdes!

💚🤍

Passados pouco mais de 650 dias desde que escrevi esse texto, o Coritiba encontra-se pior do que estava em praticamente todos os sentidos. Esportivamente falando, com toda certeza. Administrativa e Financeiramente falando, conta-se pelos corredores do Alto da Glória que o prejuízo financeiro no Balanço que será divulgado daqui um mês foi da ordem de R$ 85.000.000,00 em 2024 e a projeção para esse ano não é nada diferente.

Já em 26 de Fevereiro de 2025, foi publicada minha primeira Coluna de Opinião para a Rede Coxa – A Criação da SAF, a Recuperação Judicial e a Venda e Administração Controversas da SAF do Coritiba e de Sua Associação.

Havíamos acabado de ser derrotados em Maringá, para o time da casa, na primeira partida das Quartas de Final do Campeonato Paranaense e enfrentaríamos no dia 27 o Ceilândia do DF na primeira fase da Copa do Brasil. Escrevi assim:

2025: Até o momento indica sinais de repetição dos fracassos anteriores, com altas possibilidades, pelo futebol apresentado, de eliminações em fases preliminares de torneios e dificuldades na formação do elenco.

Infelizmente, o que escrevi se concretizou. Contra o Ceilândia um jogo patético, derrota nos pênaltis e eliminação. No Couto Pereira nesse último domingo, contra o Maringá, um jogo sofrível – porém aguerrido – um empate em 1 a 1 e nova eliminação. Coritiba sendo superado, mais uma vez, por times de Série D e Série C logo no início do ano.

Quando perguntado em Coletiva pós jogo, o técnico Mozart falou não considerar que 2025 ou as eliminações fossem um “fracasso”.

O dicionário traz essa definição da palavra fracasso:

  • falta de êxito; malogro; derrota.

A origem da palavra é essa:

  • ETIM(1707) italiano fracasso ‘baque, ruína, desgraça’

ORA! Se o que ocorreu nos dois campeonatos que fomos eliminados vexatoriamente por concorrentes de Torcida, Divisões, Orçamento, Estrutura e Tradição inferiores não significa FRACASSO, o que significa?! O que seria a gestão TREECORP no Coritiba desde 2023 se não uma coletânea de FRACASSOS?

Em 2025 fizemos 3 “boas” partidas no estadual. Goleadas contra os semiamadores e fraquíssimos Andraus e Rio Branco, ambos em casa e com o time considerado titular e um 2×0 contra esse mesmo Maringá, fora de casa, com o time Sub-20/Alternativo. NADA mais. Num campeonato em que 3 times são de Série B e os outros são de Série C, D ou não tem divisão isso é pouco. Pouquíssimo. De quebra, perdemos a vaga na Copa do Brasil de 2026…

Não vou abordar aqui os jogos que nos eliminaram ou as demais partidas do Paranaense em si e nem analisá-los. Cronistas, jornalistas e demais páginas da torcida do Coxa já o fizeram a exaustão e com precisão. Meu intuito é outro.

É provocar uma reflexão de onde o clube estava antes da venda da SAF, onde ele está agora e pra onde ele vai… o futuro não parece promissor.

Fala-se que a TreeCorp, dos sócios Bruno Levi D’Ancona , Filipe Lomonaco e Danilo Soares e o Comitê de Futebol, dos componentes William Thomas (Head de Futebol), Bruno D’Ancona (TREECORP), Rafael Mangabeira (TREECORP), Meer Kaufmann (TREECORP) e imagino que André Campestrini (CEO Interino e Diretor Financeiro da SAF), estaria reestruturando o Coritiba, porém o que se vê é mais incompetência do que víamos nos vários e vários anos de Associação e Gestões “amadoras” de outrora. O que estão reestruturando? O que foi feito? Até quando será feito?! Quais os resultados disso?! Qual o planejamento? Quais os objetivos?! Onde a SAF quer chegar e o que e como quer conquistar?! NADA se fala. Nada se sabe. Mas considerando a atividade core do Club, que é o futebol, os resultados falam por si só e uma “refundação” traria mais resultado que o trabalho que está sendo feito… risos (ou não?!).

Pelo menos enquanto Clube Associativo, havia o sentimento de que a Torcida poderia fazer alguma coisa. Havia o sentimento de pertencimento ao Clubsim, Club e não clube.

A Torcida, as Organizadas, as Páginas da Torcida e torcedores comuns se movimentam como podem para tentar alertar e ajudar. Protestam, fazem campanhas, lutam, mas sem qualquer vislumbre que estão sendo ouvidos ou compreendidos. De suas mansões ou belos escritórios em São Paulo, os “salvadores” permanecem intocáveis, inacessíveis e INCOMPETENTES! Do belíssimo escritório na Av João Gualberto, com seus mármores pomposos, ou do CT Bayard Osna, escolhe-se ignorar as massas, reinventar significados para as palavras, não admitir os erros e permanecer na INCOMPETÊNCIA!

Dão pão e circochopp e pagode – para a torcida e vergonha atrás de fracasso dentro de campo. Cobram preço de ingresso de Libertadores, enquanto nos dão eliminações e vexames para times de Série C e D. Cobram o segundo maior preço de camisa de futebol do Brasil, enquanto pangarés, contratados por outros pangarés, afundam de vez “nosso” Club – que sim já foi muito grande – num mar de lama do qual não se tem qualquer perspectiva de sair.

Ainda na época de Associação, nos momentos em que nossos anos se resumiam apenas a lutar para não cair (inclusive, saudades), eu brincava com meus amigos dizendo: “O processo de Guaranização do Coritiba está a todo vapor!“, ledo engano meu. Ledo engano… esse processo – muito, mas muito pior do que se poderia imaginar – está ocorrendo aqui e agora, diante dos nossos olhos e parece que nada que façamos poderá impedir isso.

Eu torcia muito para estar errado em 27 de Maio de 2023!! Torci muito para estar errado em 26/02/2025 e rezo e torço muito para estar errado hoje…, mas, infelizmente, acho que não estou. Nada, absolutamente nada indica um caminho diferente.

O Coritiba GRANDE do meu pai, não existe mais. O meu Coritiba, não existe mais. O Coritiba FRACASSADO de agora, caminha a passos largos rumo a extinção ou ostracismo. Caminha guiado pelas mãos de paulistas INCOMPETENTES, doado por ex dirigentes cujos adjetivos que eu queria usar aqui são impróprios e dignos de processo, diante de uma torcida machucada, ferida de morte, ignorada e melancólica, tratada a pão e circo, anestesiada (mesmo que não inerte) diante de cada vez piores e mais costumeiros FRACASSOS.