Opinião
Indicações Equivocadas, Promessas Vazias e Uma Torcida Que Não Aguenta Mais
***Atualizado às 13h de 27/03/2025 (marcação *** no texto)
Indicação de CEO: um erro com boa intenção
Nos últimos dias, a SAF do Coritiba teria pedido à Associação uma indicação ou ajuda para encontrar um novo CEO após a saída de Gabriel Lima. A resposta veio: André Mazzuco, atual Diretor Executivo de Futebol do Internacional, ex-Coritiba, com passagens relevantes no futebol, mas nenhuma experiência real com as funções que um CEO exige.
É importante reconhecer: Mazzuco é competente na sua área. E se a indicação fosse para um cargo semelhante ao de William Thomas, haveria mérito. Mas para CEO de uma SAF? Faltam pilares fundamentais. Gestão administrativa, financeira, marketing, controladoria, relações institucionais — tudo isso está muito distante da função que Mazzuco exerce (e exerce bem) dentro das quatro linhas. A TREECORP errou com Amodeo, tentou corrigir com Gabriel Lima, e agora assiste à Associação tropeçar feio ao sugerir um nome que está fora do escopo da vaga.
E como se já não fosse estranho o suficiente, aproveitaram o espaço aberto pela SAF para sugerir um novo cargo — o de Diretor Técnico — e indicaram ninguém menos que Alex. Um ídolo, sem dúvida, mas que deixou claro repetidas vezes que quer ser treinador, não gestor. Está em Curitiba desde que saiu do Antalyaspor, em janeiro. Falaram com ele antes de sugeri-lo? Se falaram e ele recusou, erraram ao insistir. Se nem falaram, erraram duas vezes. Um papelão.***
*** Atualização – Quinta-feira (27/03/2025):
Recebi uma informação e uma confirmação, de duas fontes diferentes, no início da tarde desta quinta feira (27/03/2025), que me fizeram refletir e corrigir essa parte do texto.
Representantes da Associação teriam conversado longamente com Alex sobre o cargo, sua disponibilidade e os motivos da sua indicação para a SAF, entre outros temas. Alex teria aceitado a proposição e, posteriormente (sem confirmação do tempo exato), voltado atrás em sua decisão e “quebrado sua palavra”.
Não tenho o motivo real dessa mudança. Pelo bem da verdade dos fatos, deixo aqui esse registro. Se isso realmente aconteceu, retiro completamente a opinião de que teria sido um “papelão” da Associação e transfiro totalmente para a pessoa de Alex.
Este espaço segue aberto, tanto para o próprio Alex, quanto para a Associação Coritiba Foot Ball Club, caso entendam necessário se manifestar sobre o tema.
A dificuldade real e o erro estratégico
Temos que reconhecer que realmente não é fácil encontrar um nome ideal para CEO da SAF. Requer uma combinação rara de vivência executiva, identificação com o clube e visão estratégica. A escolha de Mazzuco talvez tenha partido de um lugar de boa intenção, identificação com o Coritiba, e reconhecimento por trabalhos recentes — como no Botafogo e no próprio Inter. Mas não dá mais para fazer do cargo mais estratégico da SAF uma experiência de tentativa e erro.
Talvez seja hora da TREECORP encarar a bronca de frente. Que um dos seus próprios executivos venha para Curitiba, assuma o comando da SAF no dia a dia e traga, junto a si, um profissional do futebol capacitado, que entenda de gestão esportiva e — por que não? — tenha também afinidade com o clube. Vão fazer isso? Pouco provável.
Protesto do Coletivo Coritibano: um grito necessário
Enquanto isso, a torcida se movimenta. O protesto promovido pelo Coletivo Coritibano na sede da TREECORP, em São Paulo, foi emblemático. Organizado, barulhento e com repercussão nacional, mostrou o quanto a torcida do Coritiba está vigilante. A resposta da TREECORP? Uma nota oficial recheada de promessas recicladas: protagonismo, sucesso, comprometimento… tudo o que já ouvimos antes, e que nunca se materializou. Palavras ao vento. Nada de plano concreto, prazos, metas, accountability.
Por isso, parabéns ao Coletivo Coritibano. E que sirva de inspiração para uma mobilização ainda maior: não só de grupos organizados, mas de toda a coletividade coxa-branca. O Coritiba foi campeão brasileiro antes do Corinthians. Já foi gigante. E hoje… não passa de um figurante no segundo escalão do futebol brasileiro. Um clube que inspira mais pena do que temor. Isso precisa mudar.
Independiente del Valle: mais do que estrutura
Enquanto a torcida age, Bruno D’anconna e William Thomas teriam embarcado para o Equador para conhecer a estrutura do Independiente del Valle. Se forem buscar inspiração, ótimo. Mas precisam entender o que faz o projeto deles ser tão especial. Não é só o centro de treinamento. É gestão moderna, visão de longo prazo, meritocracia, consistência técnica e coragem e investimento robusto e constante para bancar um projeto esportivo de verdade.
Só para contextualizar:
- Campeão da Sul-Americana: 2019 e 2022
- Campeão da Recopa Sul-Americana: 2023
- Campeão Equatoriano: 2021
- Campeão da Copa do Equador: 2022
- Campeão da Supercopa do Equador: 2023
- Vice da Libertadores: 2016
- Vice da Recopa: 2020
- Vice do Desafio UEFA–CONMEBOL: 2023
- Vice do Equatoriano: 2013, 2023 e 2024
- Vice da Copa do Equador: 2024
Tudo isso com um projeto que começou em 2007, mas só colheu frutos expressivos a partir de 2013 com o Vice do Equatoriano e 2016 com o Vice da Libertadores. A SAF está disposta a esperar de seis a nove anos para começar a colher os primeiros resultados (lembrando que já se passaram 2 desde que estão aqui)? Dificilmente.
Perguntas que seguem sem resposta
Volto a perguntas que já fiz em outras colunas:
- O que a TREECORP quer com o Coritiba?
- Qual o objetivo da SAF?
- Quer ganhar o quê? Quando? Como?
- Está disposta a investir de verdade?
- Se o plano A falhar, qual é o B? E o C?
- O que espera da torcida?
Seguimos sem respostas. E para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve.
Reunião com torcida e imprensa: antes tarde do que mais tarde
Desde a semana passada uma reunião está marcada para esta quinta-feira entre Bruno D’anconna e representantes da imprensa, das páginas da torcida, das organizadas e do Conselho da Associação. Pode até parecer abertura. Antes tarde do que mais tarde, o Sr. Bruno resolveu dar as caras, mas o tempo da conversa fiada passou.
Ou se apresenta um projeto sério, transparente, com metas claras e responsabilidade (além de detalhar tudo o que já foi e está sendo feito) — ou a pressão vai continuar crescendo. Nas arquibancadas. Na internet. E na porta da TREECORP.
O Coritiba não é laboratório. E a torcida não é plateia passiva.
O Coritiba é um clube de futebol. Ser humilhado nos campeonatos que disputa está muito longe de ser o que esse clube e essa torcida merecem. D’anconna, Justus e cia precisam entender isso de vez! Se o lucro financeiro é a única coisa que querem, mofar na segunda divisão e ser saco de pancadas de times inexpressivos não vai trazer o resultado que eles esperam.
A paciência acabou. O Coritiba exige respeito. E o torcedor exige respostas.