Foto: Site do Coritiba
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Opinião

O Coritiba de 2 tempos

Os últimos dois jogos do Coritiba mostraram times diferentes para cada tempo. Um time bipolar.

Contra o Botafogo, começamos propondo o jogo e tivemos maior volume. Já no segundo tempo, o jogo se equilibrou e não criamos tantas chances. O recuo mostrou uma postura que é comum do Coxa de Jorginho: jogar na defesa chamando o adversário. Essa proposta até funcionaria se tivéssemos melhor êxito no contra ataque, o que não é uma verdade, porque na maioria das vezes os jogadores se afobam nesse objetivo e não olham para as opções do campo, tentando fazer o gol a qualquer custo, sem pensar muito no que podem fazer diferente.

No jogo contra o Galo, o primeiro tempo foi uma tragédia anunciada. Simplesmente ficamos na defesa esperando para tomar um gol. Jorginho, nada satisfeito – assim como a torcida – deve ter conversado cordialmente com os jogadores no vestiário e voltamos outro time para o segundo tempo. Inclusive, Jorginho não parou de gritar um minuto na lateral do campo. O desespero dele era o mesmo do torcedor. Tivemos boas chances, batemos de frente com um dos favoritos ao título, mas faltou capricho. As movimentações do novo volante Hugo Moura e do atacante Igor Jesus trouxeram um ar novo. Erramos menos e conseguimos dominar melhor o campo do Galo, mas não chegamos ao grande objetivo que era o gol.

Moralmente, Jorginho é importante para o time. Um dos maiores laterais do futebol brasileiro, campeão mundial em 1994, tem sim muito a acrescentar ao clube. O jogo que ele propõe, que alguns chamam até de anti-futebol, é mais uma questão de tática. Pode não ter tanto sucesso agora por uma limitação de elenco, de fato. Em algum momento, a conta do ataque depender somente do Sabino batendo pênalti iria aparecer. Por outro lado, é inegável que nossa defesa é outra, muito mais consistente e segura, mas ainda sentimos grande carência do meio para frente, principalmente quanto a finalização das jogadas.

A confiança é o que pode mudar a postura desse time para os próximos jogos. E é a consistência nos dois tempos que pode fazer a diferença para não perdermos jogos por um gol e, inclusive, vencê-los. Todo jogo é uma final nos pontos corridos, e se não pensarmos em vitórias agora, seja o adversário que vier, depois será tarde demais para arrumar a casa.