Opinião
O QUE A SITUAÇÃO DO FIGUEIRENSE TEM A NOS ENSINAR?
Recentemente, tem se noticiado a situação lastimável na qual se encontra o Figueirense. Em síntese, em 2017, o time catarinense criou uma sociedade anônima para administração de seu patrimônio (“clube-empresa”) – à exceção do imobiliário – e firmou uma parceria com a empresa Elephant, cuja incumbência principal seria a gestão do futebol profissional, herdando a totalidade de dívidas.
De lá para cá, o clube florianopolitano acumula um déficit ainda mais milionário, fracionado em débitos de toda espécie. Desde salários de jogadores à própria conta de água e energia elétrica. O futuro nada auspicioso maltrata seus já calejados torcedores.
O que essa situação pode nos ensinar?
É duro ler isso, eu sei, mas sejamos francos que nos últimos anos temos fracassado em nossas campanhas e, por consequência, perdemos prestígio e espaço no cenário nacional. Míseros campeonatos paraenses não fazem nem cócegas na rombo financeiro do clube, proveniente de inúmeras administração incompetentes e inconsequentes. Qual o último ano fiscal superavitário do Coxa?De outra parte, a profissionalização do futebol, a responsabilidade financeira e o dinamismo gerencial têm indicado que o futuro dos clubes brasileiros é a formalização de empresas a fim de cuidar de seu futebol. Não é difícil pensar em exemplos de times vitoriosos essencialmente por essas noções, especialmente no exterior. Feliz ou infelizmente, o que se afigura nos obrigará a deixar de lado a visão nostálgica de literalmente um clube, para entender que as glórias do passado tenderão a ser possíveis apenas com uma administração coerente com as despesas e receitas.
Aliás, a questão ja é assunto de projeto legislativo (clique aqui – link da lei https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2082511), tramitando na Câmara dos Deputados. Dentre as principais alterações estão a criação de um fundo garantidor a partir de percentual as receitas das equipes, a regularização da recuperação judicial para melhorar as condições de administração de clubes próximos à falência, a refinanciamento fiscal e alteração do regime tributário.
Contudo, é necessária grande cautela na transição em questão. Isso porque, como se vê no exemplo do Figueirense, em que a Elephant pediu à CBF, às escondidas, a desistência da disputa pela Série B, é de suma importância a escolha de empresa idôneas para gestão do clube e que seja preservada ao menos a autonomia desportiva.
Fato é que os sucessivos insucessos do Coxa nos últimos anos nos empurram cada vez mais para um abismo financeiro. Meu temor maior é, justamente, se nos depararmos com uma situação ainda mais periclitante e a administração do clube à época tomar medidas desesperadas como a do time de Floripa. Fiquemos atentos aos próximos capítulos dessa novela e tomemos nota do que pode nos ser útil pelo bem maior do nosso amado clube.