Coluna do Carlos Perussi

Opinião

Verdades difíceis de engolir

Saudações, meus amigos coxa-doidos! O caminho parece cada vez mais difícil. Basta o Coxa depender de si mesmo para que os problemas comecem à acontecer. Não existe jogo fácil, existe jogo do Coxa, onde SEMPRE fazemos o impossível para não ganharmos três pontos.

Esta falta de vontade de vencer que vemos a cada nova partida sempre entra em pauta. Vou explicar.

Fazer parte de grupos no Whatsapp que debatem sobre o Coxa, muitas vezes, acaba sendo um teste de sanidade. Os mais variados perfis de torcedor e entusiastas do momento, comissão, diretoria, cornetas pontuais e precisos, cornetas “bezerrões” que berram tanto quanto uma Vuvuzela na Copa de 2010 e dentro destes cenários tão peculiares, algumas coisas se tornam verdades absolutas (pois são repetidas inúmeras vezes até que sejam assimiladas como tal), enquanto outras, se tornam verdades ocultas (doloridas de se admitir por conta do nosso orgulho).

Como eu, Tchequinho, realmente gosto de ver as coisas de uma forma mais fria e analítica, “sento o dedo na ferida” de muitos e ouso a afirmar que:

  1. Samir (ou Pastana) aparecer ou não em coletivas não fará diferença alguma: pois o papel do executivo de futebol, por mais que isso não seja explícito, acaba sim ser vir a público e prestar esclarecimentos sobre o seu trabalho, afinal de contas, seu patrão somos nós, torcedores. Se ele não aparece quando o time está mal, vamos criticar pela covardia e omissão, agora, se ele aparecer após uma vitória, principalmente neste momento, vamos (generalizando) taxá-lo como oportunista, fanfarrão, se aproveitando de um momento de glória para se promover. Independente do cenário, queremos a mensagem, mas vamos questionar o autor dela de qualquer jeito. E NÃO, isso não é uma defesa do trabalho de ninguém;
  2. Rafinha ainda é só correria: SIM, correria! Sua qualidade individual é INEGÁVEL. Nosso capetinha, assim como no passado, é o “motorzinho” do time, porém, jogando inúmeras vezes em posições completamente diferentes (meia/ponta esquerda, meia/ponta direita, meia armador), o que o prejudica é a falta de SINTONIA entre as peças de ataque, cabendo à ele usar a sua primeira qualidade evidente, a velocidade, para tentar contribuir com a construção das jogadas de ataque. É tarde para se cobrar entrosamento? Não!;
  3. Não se lambuzem com bons resultados: o elenco do Coritiba na temporada 2019, no papel, é sim de qualidade. Se analisarmos cada jogador, seus atributos e seu retrospecto, tal como quem jogava SUPER TRUNFO no início dos anos 2000, consegue cravar que o Verdão é um forte candidato ao acesso (e ainda é, tenhamos fé). Mas, o que falta nesse Coritiba de Jorginho? Reforços? Entrosamento? Na minha opinião de corneta: confiança! “Ai, mas jogador recebe uma bela grana pra chutar uma bola”, pô, não to passando a mão na cabeça de ninguém, mas, faça a seguinte análise: como se constrói um bom momento para um clube? No começo da temporada, certo? Analise o começo do ano do Coxa: perda do estadual, eliminação precoce da Copa do Brasil, troca de técnicos, situação financeira complicada, nossa cobrança vinda da torcida. Jogar com a responsabilidade de levar o “hype” da torcida nas costas DEVE sim mexer com o emocional dos jogadores. Como isso é resolvido internamente? Quem é a liderança dentro do elenco? Quem faz o intermédio com a diretoria? Faço a menor ideia. To passando a mão na cabeça deles? Também não! Como diz meu amigo pizzaiolo Murilo: “ganhem a p*rra do jogo filhos da p*ta”;
  4. Opinião do Alex incomoda muita gente, mas, é a mais pura verdade: você ouviu o episódio do nosso podcast onde entrevistamos o menino de ouro, certo? Entre várias coisas discutidas neste episódio, falam sobre estrutura do CT, preparação da base, tratamento com os aspirantes, montagem de elenco, planejamento, planejamento, PLANEJAMENTO, comparativo com o cap (o que mais irrita boa parte da torcida), porém, um dos pontos mais curiosos da conversa foi quando ele afirmou gostar do futebol do Victor Carvalho, por ser um jogador com potencial. Alex está louco? É o mesmo argumento que ele usou quando defendeu a permanência do Júlio César em 2014, ou 2015 (não me recordo, falha minha)? Ou estamos falando sobre PACIÊNCIA, CALMA, PREPARO e CUIDADO com uma provável jóia que sequer imaginamos que o Carvalho seja? Alex é boleiro, sabe das coisas…
  5. O Coritiba somente chegará ao futuro de fato se abrir mão do passado: mais uma ferida que vai doer muito e que vai gerar muito stress pra cima de mim, mas, vamos fazer um exercício: imaginem que o Coritiba é um carro e nós somos o motorista. Quando olhamos pelo retrovisor, vemos a semi da Sula, Wilson pegando pênalti, um pouco mais longe, vemos placas sinalizando as finais da CB de 2011 e 2012, vemos tartarugas na pista que simbolizam os estaduais onde eramos imbatíveis e LÁ ATRÁS, no horizonte, vemos o pico distante do título de 1985, com o rosto daquele tibaço estampado em rocha tal como o monumento dos presidentes americanos (ou a rocha dos Hokages). Agora olhe para frente, pelo para-brisas, o que vemos? Orçamento curto, perda de estaduais, gestões pífias, investimentos absurdos, jogadores descompromissados que sequer respeitam o escudo que vestem (cito Mosquito, mas poderia citar outro volantezinho aí). Olhar para trás nos traz um delicioso saudosismo, mas, o que podemos esperar da estrada daqui por diante? Outro jantar pra comemorar 1985 e beijar o troféu até gastar? Não. O Coritiba é gigante por suas conquistas, mas se “apequena” perante à sua passividade e falta de “sorte” (leiam COMPETÊNCIA em todos os setores). Isso só vai acontecer quando metas forem devidamente traçadas, metas curtas, sprints como tratamos em metodologia de projetos, com um escopo alcançável. Parece fácil? Não, farei outro post dando uma de dirigente pra que vocês possam entender;
  6. Desempenho com Louzer era melhor do que com Jorginho: vai doer novamente, pois muitos queriam o Louzer fora do Coritiba, assim como eu defendi inúmeras vezes. Porém, dentro de campo e esquecendo UM POUCO os resultados, a forma como o time de Louzer se portava dentro de campo mostrava mais confiança do que  hoje, principalmente o meio de campo. Existiam sim os chutões e ligações diretas, mas era muito mais fácil você ver um Juan Alano flutuando pelas laterais e fazendo infiltração logo após Thiago Lopes abrir espaço como um trator. Jorginho tem pouco tempo de casa e apesar do pouco futebol até o momento, os números ainda são razoáveis. Vamos esperar, mas já sabemos que Jorginho NÃO CONHECE O ELENCO, haja vista o que foi feito contra o Cuiabá;
  7. Em geral, jogador não tem amor de TORCEDOR pelo Clube: todos lembramos do episódio do Festeja, certo? Todos ficaram profundamente ofendidos ao ver jogadores, após a derrota para o paranã, curtindo uma sofrência e tomando um guaco com melagrião. Deu zica, torcedores foram cobrar nas redes sociais dos jogadores, levaram respostas ríspidas, o que me lembra daquela concentração que o Coxa fez em Foz, se não me engano, onde Kléber e João Paulo fecharam o caroço na Woods, kkk. O ponto é: futebol é o ganha pão deles, ou seja, dificilmente um jogador vai pra casa chorar por tomar um baile em campo. É chato ler isso? É porquê estamos falando sobre amor, sentimento profundo, dedicação, esforço, empenho. Você não vai cobrar o gerente do seu banco quando o encontrar na balada por te cobrar uma taxa indevida, mas vai enquadrar jogador. Entendem a analogia? É LÓGICO, jogador tem que se poupar, cuidar do corpo, fígado, etc, mas, voltem a lembrar da fase: se o Coxa estivesse como o Bragabull, subindo à passos largos, estaríamos até no camarote descendo combo pro W.Maia;
  8. O elenco atual tem PRAZO DE VALIDADE: sim, tem e você sabe disso, só não quer aceitar. Um time/comissão que sofrem horrores para se manter no G4 na poderosíssima Série B não deve servir como garantia de sucesso para 2020, caso suba. Dezembro de 2019, acesso garantido, contrato rescindido com 60 ou 70% desse elenco. Não vou citar nominalmente NESTE post, mas, você que está lendo consegue me apontar 5 jogadores, logo de cara, que merecem ir embora rapidinho, certo?
  9. Muralha não é o único problema: arrisco à dizer que Muralha sequer é um problema. Por quê? Relembrem do jogo contra o Cuiabá, onde tomamos DOIS gols de bola parada, UM de lance “no chão”, bate bola. A última instância será sempre o goleiro, mas, que dupla de zaga é essa que não consegue armar uma marcação em um jogador que carrega bola na frente deles, ou que não consegue prever que o ataque adversário pode tentar se projetar à frente? Se falarmos de volantes então, apesar da boa partida do Serginho, com a sua saída, como ficamos? Matheus Bueno? É volante MESMO?

Um empate com gosto de derrota consegue até estragar essa lista corneta, mas, espero que o confronto contra o Xpó seja favorável. Estou com saudades de ser iludido por esse time!