Opinião
Coritiba x Novorizontino: Jogo Para Confirmar Boa Fase
Coritiba vive noite para provar que mudou — ou se ainda é o mesmo de sempre
Coritiba x Novorizontino
A Série B começou. E com ela, algo que há tempos a torcida do Coritiba não sentia: um sopro de esperança.
Duas vitórias em dois jogos — contra o Vila Nova, em casa, e a Chapecoense, fora. Uma sequência rara, que por si só já bastaria para criar um clima de alívio. Mas não é só isso. Há algo no ar. Uma energia diferente, quase um sentimento de reaproximação com o clube que um dia nos acostumamos a amar com confiança — e não com desconfiança.
E é nesse cenário que o Coritiba encara o Novorizontino, nesta quarta-feira (16), às 21h, no Couto Pereira, com o dever de provar que os ventos mudaram de verdade.
Da crítica à presença: a SAF entrou no jogo
Poucos dias antes da estreia, escrevi sobre meu pessimismo crônico – “PESSIMISTA NATO”?! . Não por prazer em reclamar, mas por anos sendo feito de bobo por discursos bonitos e execuções vazias.
E então, em duas semanas, Bruno D’anconna, o até então enigmático líder da SAF, esteve duas vezes no CT da Graciosa, viu treino de perto, falou com atletas, se fez presente.
De repente, o torcedor começou a perceber que havia alguém olhando. Que a SAF estava, enfim, participando do processo — e não apenas comandando de longe.
Vieram ações que a torcida sempre valorizou: ingresso barato, camisa promocional, cerveja mais barata, postagens engajadas e — claro — Green Hell confirmado para a partida desta quarta.
Tudo que estava distante, ficou mais próximo. E essa mudança foi sentida na arquibancada.
União é o caminho — mesmo que a cobrança continue
A SAF não mudou o Coritiba sozinha. Nem vai.
Nada disso se sustenta se não houver sintonia entre torcida, elenco, comissão técnica, funcionários e diretoria — da SAF e da Associação.
É uma engrenagem. E se um elo falha, tudo se compromete.
Ninguém aqui está propondo passar pano. As críticas continuam — e devem continuar.
Mas elas precisam coexistir com o apoio, com o engajamento e com a certeza de que o sucesso do Coritiba é mais importante do que qualquer vaidade individual.
Porque o que faz um clube ser gigante não é só o orçamento, nem o investidor, nem a folha salarial.
É o senso de propósito comum.
Quando todos empurram pro mesmo lado, mesmo discordando em alguns pontos, a força gerada é outra.
O jogo que vale muito mais do que três pontos
O Novorizontino traz nomes que conhecem bem o Alto da Glória: Robson, Waguininho, Patrick Brey, Frizzo, Willian Farias e Nathan Fogaça.
É o típico jogo perigoso. Um jogo que, em anos anteriores, o Coritiba deixaria escorregar.
Um tropeço aqui colocaria água no chope — literalmente.
Mas uma vitória…
Uma vitória consolida. Embala. Confirma o novo clima.
E coloca o Coritiba na rota certa — não só da tabela, mas da autoestima.
Não se trata de ilusão. Se trata de entrega.
Sim, é cedo. Sim, já vimos esse filme antes.
Mas também é verdade: ninguém aguenta mais assistir a reprise da queda, do fracasso, da decepção.
O torcedor quer — e merece — acreditar.
Mas só vai acreditar se o time demonstrar que o que mudou não foi só o discurso. Foi a atitude. A postura. A constância.
Nesta quarta, mais de 25 mil vozes devem ocupar o Couto Pereira.
Haverá fumaça, haverá luzes, haverá festa.
Mas o que realmente importa é o que será entregue em campo.
Porque não é só mais um jogo. É a chance de mostrar que o Coritiba finalmente aprendeu com os próprios erros.
E que não vai mais tropeçar no básico, perder para si mesmo ou desperdiçar momentos que podem definir o campeonato.
O Coritiba precisa de “verdade. E de todos juntos.
Se esse for mesmo um novo momento, ele não será construído apenas com vitórias.
Mas com verdade, transparência, autocrítica e coragem para enfrentar as falhas.
Com uma SAF presente, uma torcida atuante, um elenco comprometido, uma comissão respeitada e uma Associação consciente do seu papel histórico.
Essa simbiose, tão falada e tão esquecida, precisa ser mais do que discurso.
Precisa ser realidade.
E talvez, só talvez, esteja começando a ser.