Opinião
"PESSIMISTA NATO"?!
Pessimismo crônico? Não. Apenas cansado de ser feito de bobo.
Não é falta de amor.
Não é desistência.
Não é torcer contra.
É só exaustão.
Anos e anos vendo o Coritiba prometer o amanhã enquanto entrega um ontem recente reciclado.
E me chamam de pessimista por não me empolgar com PowerPoints, maquetes, projetos e discursos bonitos.
Mas o que eu vejo é um clube que coleciona fracassos, adia projetos e vive de esperanças que nunca chegam.
Promessas, planos e PowerPoint
“Visão 2030”, SAF, CT novo, estádio reformado, base fortalecida, gestão moderna.
Tudo muito bem apresentado. Renderizações lindas. Discurso alinhado. Vídeo bem editado.
Mas enquanto a grama sintética da maquete floresce, o gramado do Couto seca com derrotas.
Já nos prometeram um novo Coritiba umas vinte vezes.
Nos deram… isso aí.
Um clube que já foi exemplo em formação, que já impôs respeito, hoje vive do passado e das promessas do futuro. O presente é um intervalo longo demais entre o que se diz e o que se faz.
A vida no limbo
O Coritiba virou residente da Série B.
E quando sobe, é pra cair de novo. E quando cai, é pra não subir.
A gente torce pra não cair de novo, e torce pra subir de novo.
E no fundo, sabe que vai torcer tudo isso de novo ano que vem.
Quantas temporadas perdidas? Quantas reconstruções interrompidas?
Quantas vezes o torcedor fez contas, chorou no rádio, passou vergonha no grupo da família e disse “ano que vem eu não volto” — só pra voltar?
E agora, a SAF.
Com discurso pronto, slide bonito, promessa de “protagonismo”.
Mas o time segue pequeno em campo. Sem alma. Sem vergonha.
E aí a culpa é da torcida, que protesta demais, exige demais, não compreende “o projeto”.
Não é pessimismo. É histórico.
Não é por acaso que muitos Coxas Brancas vivem com o freio puxado, ressabiados, ressentidos, desesperançosos…
Os últimos 10, 15 anos são uma aula prática de como não se gere um clube de futebol.
Troca de comando como quem troca de roupa.
Diretoria amadora, depois executiva, depois amadora de novo.
Promessa de profissionalismo, mas com diretor que nunca dirigiu.
Jogador que vem, nem joga e vai embora.
Técnico que chega, cai com dois meses.
Campanhas que mal começam e já estão perdidas.
A gente aprende a se proteger.
Não é pessimismo. É sobrevivência emocional.
Eu quero estar errado! De verdade.
Eu queria que todas aquelas apresentações sobre CT, SAF, estádio e base tivessem virado realidade.
Queria estar comprando ingresso pra um jogo contra o River Plate ou qualquer outro rival sulamericano, não contra o Novorizontino ou Athletic-MG.
Queria estar debatendo se dá pra ser campeão da Copa do Brasil, não se dá pra escapar da Série C.
Mas a realidade do Coritiba tem sido outra.
E enquanto for assim, não vou vender ilusão.
Não vou vestir camisa nova achando que agora vai.
Não vou me empolgar com vídeo institucional enquanto o time tropeça em casa pra adversários sem tradição.
Não me chamem de pessimista. Me chamem de lúcido.
Se amar é acreditar, o torcedor do Coritiba é um dos maiores românticos do futebol mundial!
Mas até o amor mais fiel se cansa de apanhar.
Não me chamem de pessimista.
Me chamem de alguém que já cansou de esperar o Coritiba ser aquilo que promete há décadas, enquanto se apequena em uma espiral de fracassos.
E sim, eu vou continuar vestindo essa camisa.
Mas por amor àquilo que o Coritiba já foi — não por como ele está.
Por uma esperança louca e sem razão de que, um dia, há de ser de novo.
Não porque eu acredite em quem comanda hoje, mas porque eu não consigo abandonar o clube que sempre fez parte de mim.
Só que o tempo de passar a mão na cabeça já foi.
O tempo de aplaudir maquete e engolir discurso acabou.
Hoje, amar o Coritiba é cobrar.
É exigir que ele volte a ser o que um dia foi — e que pare de viver como se fosse normal ser pequeno.